domingo, 15 de março de 2009

SETE ANOS NO TIBETE DE HARRER
Por Teresa Santos *




Heinrich Harrer nasceu a 6 de Julho de 1912 em Carinthia, na Áustria. Sendo um alpinista austríaco, a sua capacidade de esquiar levou-o à equipa olímpica da Áustria de 1936. Atingiu a fama por ser membro da primeira equipa, constituída por Anderl Heckmair, Fritz Kasparek e Ludwig Vorg, a escalar a face norte do Eiger nos Alpes Suíços, em 1938. É o autor do clássico livro de montanhismo The White Spider , a história completa das várias tentativas da terrível escalada.

Medalhista olímpico e campeão de escalada em montanha, deixa a Áustria em 1939 para participar numa expedição ao topo de uma montanha, Nanga Parbat, uma das mais altas montanhas dos Himalaias. A segunda guerra mundial começa e como a Áustria se torna parte da Alemanha, todos os alemães e nacionais austríacos na Índia foram aprisionados em campos pelas autoridades coloniais britânicas.

Em 1944, fugiram e escaparam para as montanhas do Tibete, atravessando muitas montanhas numa jornada exaustiva. Dois anos depois, ele e o amigo, Peter Aufschnaiter tornam-se os únicos dois estrangeiros na cidade proibida de Lhasa onde foram bem recebidos. Aí ficou durante 7 anos e a sua vida muda radicalmente e acaba por tornar-se amigo chegado, confidente e tutor do jovem Dalai Lama, acompanhando-o à Índia quando ocorre a invasão chinesa.


Escreve ou edita o livro em 1953 contando as suas experiências. Mais tarde edita Lhasa perdida e Regresso ao Tibete , este livro escrito depois do regresso ao Tibete. Harrer continuou a explorar e escrever sobre outras partes do mundo, mas sempre permaneceu um campeão do Tibete. Em 1962 foi o líder de uma equipa de quatro montanhistas que fizeram a primeira escalada à pirâmide Carstensz (Puncak Jayadikesuma) na Nova Guiné, o mais alto pico da Oceânia. Recebeu várias medalhas e honras.

Na celebração do seu 80º aniversário foi-lhe feito um Sundial e foi inaugurado o Museu Heinrich Harrer em Huttenberg, em Julho de 1992.

Na adaptação para filme, Sete Anos no Tibete, Jean-Jacques Annaud presta tributo ao povo e à religião do Tibete enquanto alerta para a opressão que este país sofre com os chineses. Com a edição do filme, a revista alemã “Stern” publicou provas que Harrer se tinha juntado ao partido nazi. Annaud afirmou não saber que o medalha de ouro dos jogos olímpicos, Heinrich Harrer, que uma vez apareceu no documentário Osterskitour em Tirol, era um membro do partido nazi. Explica ainda que Heinrich se arrepende de ter feito parte do partido nazi. Por causa das políticas asiáticas, não pode filmar nos Himalaias, tendo o filme sido filmado nos Andes.

A História

A história começa com a expedição de um grupo de alpinistas a Nanga Parbat. Nos fins de Agosto de 1939, já tinha acabado o reconhecimento da montanha e esperavam o regresso à Europa. Em Carachi foram aprisionados pelos britânicos num campo de concentração na Índia. Depois de várias tentativas de fuga e mudanças de campos, Heinrich Harrer e outros prisioneiros planearam outra fuga e disfarçados de indianos conseguiram fugir. Decidem ir para o Tibete. A viagem foi penosa e cheia de obstáculos e só Heinrich Harrer e Peter Aufschnaiter prosseguem para o Tibete. Não era fácil entrar na cidade proibida. O Tibete é o país mais alto do mundo e recusa a entrada a estrangeiros. Passam por várias vilas e têm vários encontros com os governadores que lhes recusam a entrada no Tibete, tendo mesmo que voltar para trás. Não desistem. Tentam novamente. No caminho encontram nómadas hospitaleiros e outros nem tanto. Em Gartok imploram a hospitalidade do Tibete neutro, conseguem permissão, um salvo-conduto, para prosseguir viagem para o Nepal, mas não lhes é permitido entrar no Tibete. Passam algum tempo em Kyiorong, onde têm uma vida normal e onde aprendem costumes dos tibetanos, mas a autorização de permanência chega ao fim e têm que partir. Como se partissem com as caravanas teriam que ir para o Nepal, decidem fugir e tentar entrar na cidade proibida.



Depois de passarem por várias vilas e várias peripécias, chegam finalmente a Lhasa, onde ficaram alojados em casa de Tsarong, mais tarde foi-lhes concedido a permissão para permanecerem no Tibete. Heinrich fica a conhecer a cidade e as pessoas, incluindo ministros, o irmão de Dalai Lama, a Grande Mãe e posteriormente o próprio Dalai Lama. Lá ficaram arranjando os mais variados trabalhos. Mais tarde torna-se amigo chegado, confidente e tutor do jovem Dalai Lama, que sendo muito curioso sobre o mundo fora do Tibete, lhe faz inúmeras perguntas todos os dias. Sete anos de felicidade para Harrer passam e a China invade o Tibete dizendo que é parte integrante do seu território. Não havendo uma força imperialista influente como diziam os chineses para libertar o Tibete, quando os britânicos deram a independência à Índia os chineses começaram o neocolonialismo. Começa a guerra no Tibete, que dura muito pouco e os tibetanos acabam por se render. O Dalai Lama é coroado e foge do Tibete, Harrer acompanha-o à índia.

O exército vermelho da China invade o país e durante uma revolta popular em Lhasa o Dalai Lama e milhares de tibetanos fogem para a Índia, em 1959. Os refugiados receberam alojamento e puderam constituir um governo não-oficial no exílio. Neste momento há fome no país, que não consegue alimentar os exércitos de ocupação e os habitantes. Mais de um milhão de tibetanos perderam a vida e noventa e nove por cento dos seis mil templos sagrados foram destruídos. A destruição do Tibete continua e Lhasa tornou-se numa cidade chinesa.

Bibliografia

http://www.harrerportfolio.com/

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Cultura Científica e Cibercultura, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2005.



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* Aluna do 1º Ano de Geologia, FCUL, 2004-2005.

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